Filmes brasileiros assistidos e revistos em 2011 no cinema, no DVD e na televisão.
(em 2009 - 315 filmes)
(em 2010 - 289 filmes)
005 - O Enterro da Cafetina (1971), de Alberto Pieralisi ****
Nascido na Itália em 1911, mas radicado no Brasil a partir da década de 40, o veterano Alberto Pieralisi desenvolveu carreira importante por aqui. Dentre tantos feitos, está o clássico O Comprador de Fazendas (1951), baseado em conto de Monteiro Lobato, e que eternizou Procópio Ferreira, o gigante dos palcos, em seu filmes mais importante. As comédias de Pieralisi sempre foram elaboradas e sem uso de apelo fácil, e já na década de 70 revelou-se mestre nas comédias de costumes com pitadas de erotismo - Memórias de um Gigolô (1970) e esse O Enterro da Cafetina são dois legítimos exemplares dessa sua assinatura. Como em Memórias, O Enterro da Cafetina é fruto da parceria com a Magnus Filmes de Jece Valadão, que ainda renderia também A Difícil Vida Fácil (1972), todos estrelados pelo patrão. E tanto Memórias como O Enterro são adaptações deliciosas de obra de Marcos Rey, com seu olhar atento e inconfundível sobre a classe média carioca - autor com obra vastíssima em roteiros e adaptações para o cinema brasileiro. No filme, Elza Gomes é a cafetina Betina, que deixa como pedido derradeiro para a hora de sua morte ser enterrada em cemitério perto do mar - além de um velório festivo e regado à música, como despedida para a rainha dos prostíbulos cariocas. E é nesse cortejo que pouco tem de fúnebre, que Jece Valadão, um criador de frases publicitárias, rememora alguns momentos de sua vida, quase sempre ao lado dos amigos Paulo Fortes - um cantor lírico fracassado e militante político bufão, e Fernando José - um jornalista policial que tem sempre uma biginganga para vender. Há ainda espaço para a obsessão de Jece em encontrar uma moça virgem para se casar, e tendo seu caminho cortado por beldades como Nadyr Fernandes, Eva Christian e Elizângela - essa última ainda uma lolita linda aos 16/17 anos e em momento inicial de carreira. Há, em cada fotograma desse O Enterro da Cafetina, uma ternura de tempos idos de um Rio de Janeiro a mil anos-luz de Bopes e milícias. Valendo-se da trilha sonora de Antonio Adolfo e Tibério Gaspar, da fotografia de José Rosa e da montagem de Raimundo Higino, Pieralisi assentou seu roteiro precioso em condução perfeita de seus atores. Em uma hora e meia de projeção, fazemos-nos cúmplices de todos eles em personagens adequadíssimos - há ainda Henriqueta Brieba, Abel Pêra, Felipe Carone e Arthur Costa Filho - e em episódios de delicada graça nostálgica. As atrapalhadas do grupo guerrilheiro, as visitas ao alfaiate, as espiadas de luneta com o casal de velhinhos pela janela indiscreta, o entrecho amoroso com a moça do violino e a farra conjunta na praia com as prostitutas são algumas dessas sequências iluminadas. O Enterro da Cafetina - que teve a sequência A Filha de Madame Betina dirigida e protagonizada por Jece Valadão - é belo filme sinalizador de muito do cinema popular que floresceria na mágica década de 70.
Cotações:
+ ruim
* fraco
** regular
*** bom
**** muito bom
***** ótimo
(em 2009 - 315 filmes)
(em 2010 - 289 filmes)
005 - O Enterro da Cafetina (1971), de Alberto Pieralisi ****
Nascido na Itália em 1911, mas radicado no Brasil a partir da década de 40, o veterano Alberto Pieralisi desenvolveu carreira importante por aqui. Dentre tantos feitos, está o clássico O Comprador de Fazendas (1951), baseado em conto de Monteiro Lobato, e que eternizou Procópio Ferreira, o gigante dos palcos, em seu filmes mais importante. As comédias de Pieralisi sempre foram elaboradas e sem uso de apelo fácil, e já na década de 70 revelou-se mestre nas comédias de costumes com pitadas de erotismo - Memórias de um Gigolô (1970) e esse O Enterro da Cafetina são dois legítimos exemplares dessa sua assinatura. Como em Memórias, O Enterro da Cafetina é fruto da parceria com a Magnus Filmes de Jece Valadão, que ainda renderia também A Difícil Vida Fácil (1972), todos estrelados pelo patrão. E tanto Memórias como O Enterro são adaptações deliciosas de obra de Marcos Rey, com seu olhar atento e inconfundível sobre a classe média carioca - autor com obra vastíssima em roteiros e adaptações para o cinema brasileiro. No filme, Elza Gomes é a cafetina Betina, que deixa como pedido derradeiro para a hora de sua morte ser enterrada em cemitério perto do mar - além de um velório festivo e regado à música, como despedida para a rainha dos prostíbulos cariocas. E é nesse cortejo que pouco tem de fúnebre, que Jece Valadão, um criador de frases publicitárias, rememora alguns momentos de sua vida, quase sempre ao lado dos amigos Paulo Fortes - um cantor lírico fracassado e militante político bufão, e Fernando José - um jornalista policial que tem sempre uma biginganga para vender. Há ainda espaço para a obsessão de Jece em encontrar uma moça virgem para se casar, e tendo seu caminho cortado por beldades como Nadyr Fernandes, Eva Christian e Elizângela - essa última ainda uma lolita linda aos 16/17 anos e em momento inicial de carreira. Há, em cada fotograma desse O Enterro da Cafetina, uma ternura de tempos idos de um Rio de Janeiro a mil anos-luz de Bopes e milícias. Valendo-se da trilha sonora de Antonio Adolfo e Tibério Gaspar, da fotografia de José Rosa e da montagem de Raimundo Higino, Pieralisi assentou seu roteiro precioso em condução perfeita de seus atores. Em uma hora e meia de projeção, fazemos-nos cúmplices de todos eles em personagens adequadíssimos - há ainda Henriqueta Brieba, Abel Pêra, Felipe Carone e Arthur Costa Filho - e em episódios de delicada graça nostálgica. As atrapalhadas do grupo guerrilheiro, as visitas ao alfaiate, as espiadas de luneta com o casal de velhinhos pela janela indiscreta, o entrecho amoroso com a moça do violino e a farra conjunta na praia com as prostitutas são algumas dessas sequências iluminadas. O Enterro da Cafetina - que teve a sequência A Filha de Madame Betina dirigida e protagonizada por Jece Valadão - é belo filme sinalizador de muito do cinema popular que floresceria na mágica década de 70.
Cotações:
+ ruim
* fraco
** regular
*** bom
**** muito bom
***** ótimo
Pek,
ResponderExcluirPercebi que seu ritmo de trabalho foi maior em 2010, pois você viu menos filmes do que em 2009.
Bjs.
Pois é Noel, principalmente por causa de viagem a trabalho.
ResponderExcluirBjs