Filmes brasileiros assistidos e revistos em 2011 no cinema, no DVD e na televisão.
(em 2009 - 315 filmes)
(em 2010 - 289 filmes)
002 - Caingangue - A Pontaria do Diabo (1973), de Carlos Hugo Christensen ****
O argentino Carlos Hugo Christensen (1914-1999) não temia fronteiras - filmou na terra natal e também no Chile, no Peru e na Venezuela. A partir de 1954 se radicou no Brasil, e por aqui também não se intimidou com as fronteiras invisíveis de um país continental. Não só visitou vários gêneros - drama, comédia, romance, terror, suspense, faroeste e policial - como situou seus filmes em diferentes regiões: Rio de Janeiro, Bahia, Minas Gerais, Mato Grosso, Porto Alegre. E o melhor, sempre com muito talento e fazendo de seu cinema uma geografia muito particular da pátria que adotou. Nesse Caingangue - A Pontaria do Diabo - uma produção da R.F.Farias - faz um faroeste em Mato Grosso e demontra mais uma vez como sempre foi fera em contar histórias que dependem de externas grandiosas. Assim como os pampas filtrados pela sua lente são inesquecíceis em A Intrusa (1979), aqui também faz bonito com o verde e a terra vermelha onde situa seu filme - merecidamente, Antonio Gonçalves foi destacado como Melhor Fotografia no Diploma de Mérito dos Diários Associados em 1974. Vale ainda destacar que, muito antes dos meninos angustiados de Brockeback Mountain, cujo mérito maior é fazer isso abertamente em belíssimo filme, ele - assim como outros - já tinha enfiado homoerotismo no faroeste, aqui na relação cheia de climas e olhares cúmplices entre Sérgio Britto e seu belo capanga Pedrinho Aguinaga. Sobre isso, há pelo menos duas sequências reveladoras: a cena do quarto, com o revólver depositado no criado mudo enquanto Aguinaga tira o ponche vermelho; e a risada em coro dos jagunços com a menção da noiva do patrão. Na trama, Britto se autodenomina dono das terras de Santa Helena, nem que para isso tenha que matar à bala todos os posseiros que estão por lá há mais de 20 anos, e, portanto, reais proprietários de sua glebas. O confronto permanente se dá com seus 100 jagunços armados até os dentes e mais de 200 posseiros com suas armas enferrujadas e condenados ao extermínio. Esse seria o destino anunciado, até que chega David Cardoso, um misterioso viajante com coragem e habilidade para enfrentar Britto e sua jagunçada - ele é o tal Caingangue do título. Cardoso está à vontade no personagem, com trama rodada em sua cidade natal - Maracaju, em Mato Grosso - mais a presença no elenco de sua esposa na época, a atriz Evelize Oliver, a tal noiva de Britto. Caingangue - A Pontaria do Diabo é filme a que se assiste completamente absorvido e, ao mesmo tempo, apreensivo pelo destino de todos aqueles personagens. Não se chega a roer unhas, mas é fato que um sobressalto calado e prestes a inromper nos acomete frente ao visto. Carlos Hugo Christensen integra uma ampla lista de cineastas subestimados e que precisam urgentemente serem reverenciados - Antonio Calmon, Alberto Salvá, Astolfo Araújo, Aurélio Teixeira, Jean Garret, Claudio Cunha e Victor Lima são alguns outros nomes. Nesse Caingangue - A Pontaria do Diabo, Christensen fez um faroeste emocionante e com entrelinhas sutis e elegantes - a homossexualidade do temido manda-chuva é um desses elementos - e se perfila ao lado dos grandes realizadores do gênero.
Cotações:
+ ruim
* fraco
** regular
*** bom
**** muito bom
***** ótimo
(em 2009 - 315 filmes)
(em 2010 - 289 filmes)
002 - Caingangue - A Pontaria do Diabo (1973), de Carlos Hugo Christensen ****
O argentino Carlos Hugo Christensen (1914-1999) não temia fronteiras - filmou na terra natal e também no Chile, no Peru e na Venezuela. A partir de 1954 se radicou no Brasil, e por aqui também não se intimidou com as fronteiras invisíveis de um país continental. Não só visitou vários gêneros - drama, comédia, romance, terror, suspense, faroeste e policial - como situou seus filmes em diferentes regiões: Rio de Janeiro, Bahia, Minas Gerais, Mato Grosso, Porto Alegre. E o melhor, sempre com muito talento e fazendo de seu cinema uma geografia muito particular da pátria que adotou. Nesse Caingangue - A Pontaria do Diabo - uma produção da R.F.Farias - faz um faroeste em Mato Grosso e demontra mais uma vez como sempre foi fera em contar histórias que dependem de externas grandiosas. Assim como os pampas filtrados pela sua lente são inesquecíceis em A Intrusa (1979), aqui também faz bonito com o verde e a terra vermelha onde situa seu filme - merecidamente, Antonio Gonçalves foi destacado como Melhor Fotografia no Diploma de Mérito dos Diários Associados em 1974. Vale ainda destacar que, muito antes dos meninos angustiados de Brockeback Mountain, cujo mérito maior é fazer isso abertamente em belíssimo filme, ele - assim como outros - já tinha enfiado homoerotismo no faroeste, aqui na relação cheia de climas e olhares cúmplices entre Sérgio Britto e seu belo capanga Pedrinho Aguinaga. Sobre isso, há pelo menos duas sequências reveladoras: a cena do quarto, com o revólver depositado no criado mudo enquanto Aguinaga tira o ponche vermelho; e a risada em coro dos jagunços com a menção da noiva do patrão. Na trama, Britto se autodenomina dono das terras de Santa Helena, nem que para isso tenha que matar à bala todos os posseiros que estão por lá há mais de 20 anos, e, portanto, reais proprietários de sua glebas. O confronto permanente se dá com seus 100 jagunços armados até os dentes e mais de 200 posseiros com suas armas enferrujadas e condenados ao extermínio. Esse seria o destino anunciado, até que chega David Cardoso, um misterioso viajante com coragem e habilidade para enfrentar Britto e sua jagunçada - ele é o tal Caingangue do título. Cardoso está à vontade no personagem, com trama rodada em sua cidade natal - Maracaju, em Mato Grosso - mais a presença no elenco de sua esposa na época, a atriz Evelize Oliver, a tal noiva de Britto. Caingangue - A Pontaria do Diabo é filme a que se assiste completamente absorvido e, ao mesmo tempo, apreensivo pelo destino de todos aqueles personagens. Não se chega a roer unhas, mas é fato que um sobressalto calado e prestes a inromper nos acomete frente ao visto. Carlos Hugo Christensen integra uma ampla lista de cineastas subestimados e que precisam urgentemente serem reverenciados - Antonio Calmon, Alberto Salvá, Astolfo Araújo, Aurélio Teixeira, Jean Garret, Claudio Cunha e Victor Lima são alguns outros nomes. Nesse Caingangue - A Pontaria do Diabo, Christensen fez um faroeste emocionante e com entrelinhas sutis e elegantes - a homossexualidade do temido manda-chuva é um desses elementos - e se perfila ao lado dos grandes realizadores do gênero.
Cotações:
+ ruim
* fraco
** regular
*** bom
**** muito bom
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