quarta-feira, 4 de agosto de 2010

longas brasileiros em 2010 (179)


Filmes brasileiros assistidos e revistos em 2010 no cinema, no DVD e na televisão.
(em 2009 - 315 filmes)

179 - O Estripador de Mulheres (1978), de Juan Bajon *1/2

Nascido na China, mas radicado no Brasil ainda na primeira infância, Juan Bajon desenvolveu carreira longa no cinema da Boca do Lixo. Por aqui dirigiu suspense, drama, comédia e muitos filmes de sexo explícito, nesses últimos notadamente com fixação em cavalos - Sexo a Cavalo (1985), Meu Marido, Meu Cavalo (1986), Seduzida por um Cavalo (1986), A Garota do Cavalo (1986), Loucas por Cavalos (1986), Mulheres e Cavalos (1986), Duas Mulheres e um Pônei (1986), Júlia e os Pôneis (1987), Viciadas em Cavalos (1987), Tudo Por Um Cavalo (1988), Um Homem, Uma Mulher e Um Cavalo (1988). Ufa!!! Esse O Estripador de Mulheres foi sua estreia como cineasta e de cara faturou o APCA de Melhor Roteiro e também o de Melhor Música para Manuel Paiva e Luiz Chagas. O mais curioso é que se há algo deficiente no filme é exatamente o roteiro. Tirando a espinha dorsal, jovem que ataca mulheres à noite e as retalha com punhal, o que resta é um amontoado de situações mal-ajambradas e personagens idem. Bajon assinou o argumento, o roteiro e a direção, mas é como se essa última lutasse em cabo de força com os outros dois, já que é dirigindo que consegue alguns bons momentos - sobretudo na atuação de seu protagonista. A transposição de um genério para Jack, O Estripador caiu como uma luva para Ewerton de Castro. O ator, que já tinha barbarizado como o desajustado em Paixão na Praia (1971), de Alfredo Sternhein, e como o demoníaco Alexandre da novela A Viagem (1975/76), de Ivani Ribeiro, tem o perfil ideal para o personagem. Lá pelas tantas ele é descrito como cara de anjo e é exatamente assim que ele se apresenta, mesmo que já saibamos logo que é daqueles, certamente, expulsos do paraíso e com as tais asas há muito já atrofiadas. Algumas deusas estão presentes no elenco, ainda que em atuações discretas - Marlene França, Aldine Muller, Novani Novakoski. Duas grandes damas fazem pequenas, mas marcantes aparições: Lola Brah e Ivete Bonfá. Lola porque ainda que sua ponta seja ínfima, jamais consegue passar sem ser notada; e Ivete porque faz apresentadora de televisão daqueles programas sensacionalistas que mesmo hoje, passados mais de três décadas do filme, ainda infestam as tardes da TV. Um dos destaques desse O Estripador de Mulheres, além de Ewerton de ponta a ponta, é cena de show de travestis em boate de quinta, com o delegado e policial que perseguem o estripador na platéia. São cenas decadentes, mas fascinantes, e que sabemos muito bem que têm referência tal e qual na realidade de inferninhos de muitas de nossas cidades. São momentos como esse que quase valem um filme.

Cotações:
+ ruim
* fraco
** regular
*** bom
**** muito bom
***** ótimo

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