Filmes brasileiros assistidos e revistos em 2010 no cinema, no DVD e na televisão.
(em 2009 - 315 filmes)
275 - Ritmo Alucinante (1975), de Marcelo França ***
Muito antes do cigarro ser banido e estampar em seus maços situações abjetas de doenças e tragédias, a indústria da tabacaria viveu momentos de glamour, com direito de propagação cult pelo cinema, publicidade moderna, e lugar garantido em variados eventos de massa - basta dar uma olhada na reprise atual da novela Vale Tudo (1988/1989 - Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Bassères), em que os personagens soltam baforadas o tempo todo, para se ter uma idéia de sua aceitação em tempos atrás. E foi a Souza Cruz, do mítico Hollyood, que patrocinou o grande evento de rock no Brasil em 1975, com edições posteriores na década de 1980 e 90 - até que foi proibido por lei a difusão de eventos culturais patrocinados pela indústria. O Hollywood Rock, durante sua trajetória, apresentou em sua programação atrações nacionais e internacionais com desfiles de astros e bandas como Rita Lee, Erasmo Carlos, Rolling Stones, Pretenders e Supertramp. A primeira edição, pilotada por Nelson Motta e registrada nesse Ritmo Alucinante, de Marcelo França, reuniu apenas atrações nacionais: Rita Lee & Tutti-Frutti, Vimana, O Peso, Erasmo Carlos, Raul Seixas,Celly Campello e Tony Campello. O interesse maior dessa produção é pelo registro histórico: uma Rita Lee recém-saída de Os Mutantes; O Vímana de Lulu Santos, Lobão e Ritchie; o retorno de Celly Campello. Alguns anos depois, em 1980, Rita Lee bradava zombeteira e cáustica em Ôrra Meu - no disco-sensação Lança Perfume - que rockeiro brasileiro sempre teve cara de bandido. Aqui, quase todos são cabeludos - Lulu Santos, inclusive - muitos de barba, em linha direta com a estética hippie mais sexo, drogas e rock´n roll que paz e amor. Mas para lá dessa importância de registro, há momentos ótimos. Quais? Uma entrevista de Erasmo e Celly com Scarlet Moon, que indaga mais de uma vez se eles consideram brasileira a música que fazem - mesmo sendo pós-Tropicalismo não se pode esquecer que as searas MPB e rock ainda eram bem demarcadas; Celly Campelo, a rainha precursora do rock brasileiro, com seu figurino cândido entoando Estúpido Cupido - Celly - junto com o irmão Tony Campello - trouxe o rock para o país em 1958, explodiu com Estúpido Cupido em 59, mas abandonou a carreira em 62 para se casar; com essa apresentação no Hollywood Rock mais o sucesso da novela Estúpido Cupido (1976/77), de Mário Prata, ela tentou retomar a carreira, mas não conseguiu; Rita Lee e sua banda Tutti & Frutti interpretando Splish Splash, versão de Erasmo e sucesso de Robeto Carlos; e, sobretudo, apresentação acachapante de Raul Seixas, que, em plena ditadura, brada os mandamentos de sua - e de Paulo Coelho - Sociedade Alternativa, entoa seus versos contestadores e postura idem, em imagem mais genuinamente roqueira que todos. Ritmo Alucinante tem cenas curiosas, pois a câmera está quase sempre voltada para o palco e para a performance dos astros, mas sempre se ouve a ovação da platéia. No entanto, quando a câmera se vira para ela, vê-se jovens mais bem-comportados do que se espera, ainda que sintonizados com a época.
Cotações:
+ ruim
* fraco
** regular
*** bom
**** muito bom
***** ótimo
(em 2009 - 315 filmes)
275 - Ritmo Alucinante (1975), de Marcelo França ***
Muito antes do cigarro ser banido e estampar em seus maços situações abjetas de doenças e tragédias, a indústria da tabacaria viveu momentos de glamour, com direito de propagação cult pelo cinema, publicidade moderna, e lugar garantido em variados eventos de massa - basta dar uma olhada na reprise atual da novela Vale Tudo (1988/1989 - Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Bassères), em que os personagens soltam baforadas o tempo todo, para se ter uma idéia de sua aceitação em tempos atrás. E foi a Souza Cruz, do mítico Hollyood, que patrocinou o grande evento de rock no Brasil em 1975, com edições posteriores na década de 1980 e 90 - até que foi proibido por lei a difusão de eventos culturais patrocinados pela indústria. O Hollywood Rock, durante sua trajetória, apresentou em sua programação atrações nacionais e internacionais com desfiles de astros e bandas como Rita Lee, Erasmo Carlos, Rolling Stones, Pretenders e Supertramp. A primeira edição, pilotada por Nelson Motta e registrada nesse Ritmo Alucinante, de Marcelo França, reuniu apenas atrações nacionais: Rita Lee & Tutti-Frutti, Vimana, O Peso, Erasmo Carlos, Raul Seixas,Celly Campello e Tony Campello. O interesse maior dessa produção é pelo registro histórico: uma Rita Lee recém-saída de Os Mutantes; O Vímana de Lulu Santos, Lobão e Ritchie; o retorno de Celly Campello. Alguns anos depois, em 1980, Rita Lee bradava zombeteira e cáustica em Ôrra Meu - no disco-sensação Lança Perfume - que rockeiro brasileiro sempre teve cara de bandido. Aqui, quase todos são cabeludos - Lulu Santos, inclusive - muitos de barba, em linha direta com a estética hippie mais sexo, drogas e rock´n roll que paz e amor. Mas para lá dessa importância de registro, há momentos ótimos. Quais? Uma entrevista de Erasmo e Celly com Scarlet Moon, que indaga mais de uma vez se eles consideram brasileira a música que fazem - mesmo sendo pós-Tropicalismo não se pode esquecer que as searas MPB e rock ainda eram bem demarcadas; Celly Campelo, a rainha precursora do rock brasileiro, com seu figurino cândido entoando Estúpido Cupido - Celly - junto com o irmão Tony Campello - trouxe o rock para o país em 1958, explodiu com Estúpido Cupido em 59, mas abandonou a carreira em 62 para se casar; com essa apresentação no Hollywood Rock mais o sucesso da novela Estúpido Cupido (1976/77), de Mário Prata, ela tentou retomar a carreira, mas não conseguiu; Rita Lee e sua banda Tutti & Frutti interpretando Splish Splash, versão de Erasmo e sucesso de Robeto Carlos; e, sobretudo, apresentação acachapante de Raul Seixas, que, em plena ditadura, brada os mandamentos de sua - e de Paulo Coelho - Sociedade Alternativa, entoa seus versos contestadores e postura idem, em imagem mais genuinamente roqueira que todos. Ritmo Alucinante tem cenas curiosas, pois a câmera está quase sempre voltada para o palco e para a performance dos astros, mas sempre se ouve a ovação da platéia. No entanto, quando a câmera se vira para ela, vê-se jovens mais bem-comportados do que se espera, ainda que sintonizados com a época.
Cotações:
+ ruim
* fraco
** regular
*** bom
**** muito bom
***** ótimo
Exite cópia original desse DVD? Ele chegou pelo menos a ser lançado?
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