sexta-feira, 12 de novembro de 2010

longas brasileiros em 2010 (255)


Filmes brasileiros assistidos e revistos em 2010 no cinema, no DVD e na televisão.
(em 2009 - 315 filmes)

255 - A Suprema Felicidade (2010), de Arnaldo Jabor **

A Suprema Felicidade marca a volta do cineasta Arnaldo Jabor. Depois de realizar grandes retratos sobre a classe média, como Toda Nudez Será Castigada (1972) e Tudo Bem (1978), Jabor abandonou o cinema e retomou o jornalismo. Na imprensa é quase sempre amargo e apocaliptico, mas no filme o tom que imprime, ou pelo menos procura, é outro. O foco são as recordações de infância e juventude, ainda que não seja propriamente uma autobiografia. Na trama, uma família vive o cotidiano em uma Rio de Janeiro que não existe mais, já que no período retratado a cidade ainda era a capital do Brasil. Esse espírito de uma época é principalmente encarnado na figura de um avô, vivido por Marco Nanini, e sua relação com o neto Paulo , um jovem sensível marcado pela conturbada relação dos pais - Mariana Lima e Dan Stulbach - e a descoberta do amor e do sexo. Paulo é mostrado em três fases e interpretado por Caio Manhete - criança; Michel Joelsas - adolescente; Jayme Matarazzo - jovem. O roteiro de Jabor e de Amanda Rubinstein faz mosaico em que cabe vários personagens que passam pela vida do rapaz e pela tela, com certeza porque marcaram a vida dele, mas quase nunca marcam quem está do lado de cá. De todos eles, ficam na retina o tom doce de Emiliano Queiróz como o comprador de objetos usados, o padre gaiato de Ary Fontoura, e a prostituta navalhada de Majô de Castro. Mas tudo isso é muito pouco para um filme que ambiciona tanto, sobretudo na busca pela impressão de um tom de poesia que pouco funciona e que quase sempre nos expulsa daquele universo - a cena do carnaval na rua é constrangedora. Algo desandou nesse retorno de Jabor ao set de cinema. Os acontecimentos narrados não são especialmente sedutores e a direção não alcança grandes vôos. Muito se fala em um magistral Marco Nanini - o que ele realmente é -, mas aqui não é o caso, pois parece que ele saiu diretamente do set de Copacabana (2001), de Carla Camurati, para encarnar o avô idolatrado pelo neto. No elenco, os destaques vão mesmo é para Mariana Lima, atriz nem sempre festejada a não ser no meio teatral, mas que dá banho como a esposa esmagada pelo seu tempo; um surpreendente Jayme Matarazzo dando nuances para seu personagem; e Claudio Mendes como o amigo que descobre a homossexualidade. Arnaldo Jabor tem uma das filmografias mais interessantes do cinema brasileiro, mas A Suprema Felicidade é momento menor.

Cotações:
+ ruim
* fraco
** regular
*** bom
**** muito bom
***** ótimo

2 comentários:

  1. Vou discordar de você, meu amigo. Gostei muito do filme, talvez o mais sensível, emotivo e sincero da carreira do Jabor.

    Um abraço!

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  2. Vixe! meu amigo.
    Discordamos mesmo!
    Gosto muito do cinema de Jabor, aprecio todos os filmes deles que assisti.
    Mas esse A Suprema Felicidade eu acho fraco.
    Tem seus momentos, por isso as duas estrelas, mas é muito pouco perto do que ele já fez.
    Menos como comentarista político, claro, que detesto.
    Abs

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