domingo, 7 de novembro de 2010

longas brasileiros em 2010 (250)


Filmes brasileiros assistidos e revistos em 2010 no cinema, no DVD e na televisão.
(em 2009 - 315 filmes)

250 - A Gata Devassa (1974), de Raffaele Rossi *

Em Coisas Eróticas (1981), o italiano radicado no Brasil Raffaele Rossi ofereceu muito mais do que prometia no título. E como se sabe os cinemas brasileiros lotaram, os marmanjos disputaram cadeiras vagas e todos assistiram ao primeiro pornô brasileiro quase que de pernas e braços coladinhos - para felicidade geral da nação macha e da fauna gay também, claro! Como tantas produções da Boca do Lixo, as de Rossi - muitas vezes com o importante produtor Cassiano Esteves por trás - também apelaram para os títulos sugestivos e que, quase invarialvemente, nada tinham a ver com suas tramas. Quando se depara com um como A Gata Devassa o que se pensa logo de cara é que, no mínimo, muitas cenas de camas viriam com a protagonista de olhos esfuziantes Suely Fernandes aprontando todas, certo? Errado. A Gata Devassa é, na verdade, filme policial com muito tiro trocado entre polícia e bandido - aliás, como se só aí estivesse o cerne do gênero. De erotismo mesmo quase nada, apenas uma cena de cama enviesada ali, outras de pegação mais pudica que de quaquer minissérie da TV aqui, entremeadas de moças de calcinhas coloridas e coxas grossas e beijinhos no pescoço e que tais. Na trama, Perry Salles é um ladrão italiano de alta periculosidade e procurado em todos os continentes, que chega ao Brasil para integrar quadrilha internacional chefiada por Silvana Lopes. Ele escolhe Genésio Carvalho e Kusuaki Hemmi como parceiros e é acompanhado de perto pela perigosa beldade Suely Fernandes. É claro que Salles vai cair nos braços da chefe e da subordinada, mas esse entrecho amoroso e rival só vai ter espaço na sinopse enganosa do filme, já que em cena mesmo esse imbróglio encontrará espaço diminuto. Com fotografia de Pio Zamuner - que tem brincadeira particular no roteiro, que reserva um dos nomes ficcticios de personagem com o mesmo do fotógrafo - A Gata Devassa tem argumento e roteiro também assinados por Rossi. E é no roteiro que está o calcanhar gigante de Aquiles, já que para o roteirista-diretor filme policial pode ser sinônimo apenas de mala cobiçada passando de mão em mão, perseguições chinfrins nas estradas e muito muito muito tiro trocado. Como não há exploração do lado psicológico dos personagens, o máximo disso fica com os risinhos irônicos de Perry Salles, que aparece pela primeira vez em cena com terno de camisa cor-de-rosa, calça ligeiramente pega-frago e vasta cabeleira desgrenhada, vestimenta mais que duvidosa para quem está fugindo da polícia e que faz a gente pensar de cara: mas que sujeito é esse? E o que sobra de ação faz parecer um Antonioni, sem a psicologia do tédio e desencanto, pilotando o gênero. Mulheres belas há, como a exótica Suely Fernandes, a classuda Silvana Lopes, e as também bandidas Sonia Elisabeth e Adélia Coelho. Mas nem isso é suficiente para salvar a lavoura.

Cotações:
+ ruim
* fraco
** regular
*** bom
**** muito bom
***** ótimo

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