terça-feira, 9 de novembro de 2010

longas brasileiros em 2010 (252)


Filmes brasileiros assistidos e revistos em 2010 no cinema, no DVD e na televisão.
(em 2009 - 315 filmes)

252 - A Moreninha (1970), de Glauco Mirko Laurelli **1/2

Romance de estreia de Joaquim Manuel de Macedo, A Moreninha foi lançado em 1844 e alcançou, de cara, sucesso absoluto de público. E público parece ser mesmo um elemento fiel para essa obra-marco do Romantismo brasileiro, pois além do êxito de suas reedições ao longo de décadas, foi consagrada também nos palcos, na TV e no cinema. Marília Pêra e Perry Salles no teatro, Nívea Maria e Mário Cardoso na novela, e Sonia Braga e David Cardoso nas telas foram o casal de pombinhos que descobre o amor na infância em Paquetá e depois se reencontram, já adultos, sem saber suas identidades de origem. Dirigido pelo veterano Glauco Mirko Laurelli, talentoso parceiro de Mazzaropi, A Moreninha é um musical que tem também o roteiro e a montagem assinados por ele. Com exceção das produções da Cinédia e da Atlântida, os musicais não prosseguiram a tradição em nossas telas, algo absolutamente incompreensível pelo tamanho e o poder que a música tem na nossa cultura. Órfão dos lançamentos contínuos dos musicais e das chanchadas da década de 1930 a 60, o público correu em peso para conferir A Moreninha, fazendo dele um grande sucesso na nascente década de 70. Na trama, os amigos David Cardoso, Nilson Condé, Roberto Orosco e Carlos Alberto Ricelli fazem aposta, segundo a qual o primeiro, eterno conquistador, não conseguiria ficar quinze dias sem se apaixonar por uma das beldades de Paquetá, onde iriam para a Festa de Santana - "Paquetá, Paquetá..." saúda a ilha a inesquecível musiquinha-tema. E é lá que todos eles vão cair de amores, inclusive o garanhão David que fica seduzido pela voluntariosa Sonia Braga, a Moreninha do título. O romance de Joquim Manuel de Macedo fez muito sucesso, pois o autor sabia retratar em prosa simples os costumes da época. O filme acentua em ligeireza e aposta em igenuidade que não sobrevive impunemente aos dias de hoje - mesmo levando em conta o olhar romântico original para trama que se desenrola em 1840. Os escravos quase roubam a cena - Carlos Alberto, Gésio Amadeu e Vera Manhães, belíssima atriz e mãe de Camila Pitanga. Há sobre eles o mesmo tom pueril, principalmente sobre suas condições, ainda que uma boa dose de malandragem os salvem de tolo reducionismo cor-de-rosa. Sonia Braga, sucesso na época com peça Hair, em direção histórica de Ademar Guerra, tem aqui sua primeira protagonista aos 20 anos; já David Cardoso sedimenta sua aura de galã. No elenco coadjuvante quem brilha de ponta a ponta, e quase ofusca todo o elenco, é Lúcia Mello, impagável como a fogosa viúva Violante.

Cotações:
+ ruim
* fraco
** regular
*** bom
**** muito bom
***** ótimo

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