terça-feira, 12 de outubro de 2010

longas brasileiros em 2010 (236)


Filmes brasileiros assistidos e revistos em 2010 no cinema, no DVD e na televisão.
(em 2009 - 315 filmes)

236 - Luz, Cama, Ação (1975), de Claudio MacDowell **1/2

obs.: não consegui imagem do filme

A pornochanchada foi um fenômeno do cinema popular dos anos 1970 e 80, que além de lotar as salas dos cinemas e ser, para muitos desavisados, sinônimo de que cinema brasileiro é só mulher pelada e palavrão, também revelou astros e estrelas e soube se reinventar. E aí lançou mão até da metalinguagem, como nesse Luz, Cama, Ação, dirigido por Claudio MacDowell (foto), em pleno auge do gênero. Na trama, MacDowell - que também é ator e roteirista - é o diretor de uma produção rotineira do filão, que, de minuto em minuto, é importunado pelo produtor que quer mais sacanagem no filme. Daí, enquanto se derrete por Tânia Scher, a atriz casada que protagoniza a história, tem que dar conta do que rola na frente e atrás das câmeras. O roteiro de MacDowell e Sérgio Mamberti coloca tudo lá: a estrela da fita que é assediada o tempo inteiro pelo diretor; o assistente de direção que traça a continuísta nos escurinhos do set; a bichinha maquiadora que suspira pelo negão que constrói o cenário; a aspirante a atriz que tira a roupa como se tomasse copo d´água; o produtor que quer subir a temperatura para garantir a bilheteria; o patrão que transa com a secretária, mas tem pavor de ser cornudo; os figurantes que mais atrapalham que qualquer outra coisa; os cenários que não funcionam e desmonstam durante a atividade; além da própria equipe de filmagem em cena. Luz, Cama, Ação diverte com esse rocambole erótico - ainda que o argumento seja muito melhor que o resultado - em que a ótima escalação do elenco se destaca, sobretudo nos coadjuvantes: Benedito Corsi, Sérgio Mamberti, Maralise e Vera Setta. Do trio protagonista, MacDowell e Scher estão bem, mas quem se sai melhor é Lafayette Galvão, encarnando a dignidade ofendida do marido que apronta todas, mas não suporta ser traído. Segundo o Dicionário de Filme Brasileiros, de Antonio Leão, Luz, Cama, Ação fez aproximadamente 800 mil espectadores, sonho de consumo da maioria dos filmes brasileiros atuais, que têm que suar muito para chegar nesse patamar - ao contrário dos filmes da época, que chegavam facilmente a números como esse e até muito superiores. E é lá no Dicionário que está registrado também a hilária frase publicitária da produção: "Venha ver como se filma uma comédia erótica brasileira e um filme sem tubarão, mas com muita piranha". Depois dos filmes realizados no gênero na década de 70, Claudio MacDowell só voltaria a dirigir um longa de ficção em 1998, a co-produção Brasil/Paraguai de temática completamente diversa, O Toque do Oboé.

Cotações:
+ ruim
* fraco
** regular
*** bom
**** muito bom
***** ótimo

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