quinta-feira, 30 de setembro de 2010

longas brasileiros em 2010 (228)


Filmes brasileiros assistidos e revistos em 2010 no cinema, no DVD e na televisão.
(em 2009 - 315 filmes)

228 - Doce Delírio (1982), de Manoel Paiva **

Manoel Paiva teve carreira cinematográfica tragicamente interrompida aos 37 anos, ao ser assassinado em um assalto. No pouco tempo que teve de vida, fez curso de cinema na FAAP, dirigiu o curta O Palhaço (1974) e o média coletivo Periferia. Além de cineasta, graduou-se no Conservatório Musical Carlos Gomes em Campinas e assinou com Luiz Chagas músicas para filmes de diretores como Juan Bajon - O Estripador de Mulheres (1978), Colegiais e Lições de Sexo (1979) e A Noite das Depravadas (1981); Carlos Reichenbach - Filme Demência (1985/87) e Anjos do Arrabalde (1986); Roberto Santos - Quincas Borba (1987). Doce Delírio é seu único longa e faz seu foco em momentos fundamentais na vida de duas mulheres, mãe e filha - Barbara Fázio e Claudia Alencar. Com diferentes formas de olhar para vida, elas têm um ponto em comum: são casadas com dois sujeitos um tanto patifes. Fázio, que é dona de casa, é abandonada pelo marido Mauro Mendonça em plena comemoração de 27 anos de casamento, que a troca por Imara Reis. Já Alencar, que é modelo, vive há cinco com o fotógrafo Eduardo Tornaghi, que a trata comumente com casca e tudo. Quando a crise se instala na vida das duas, cada uma vai tomar uma atitude diferente e experimentar diferentes formas de delírios. O filme, que tem roteiro de Paiva, João Manuel Rodrigues e Gerson de Faria, parte de um registro de tons feministas - principalmente na contraposição da ação de Alencar versus a entrega de Fázio - mas acaba bagunçando um pouco o coreto lá pelas tantas. "Vocês (homens) condenam a mulher a uma solidão terrível", grita Claudia para o companheiro depois de um aborto; "Você só quer uma esposa, mas eu estou indo à luta", grita novamente, dessa vez para o novo parceiro Jonas Bloch. Mas ainda que vincule a força à elas e a fraqueza a eles, e também contemple a descoberta do prazer solitário, a aparente intenção não se sustenta em um cinema de vigor - como o mestre Jean Garret fez tantas vezes com argumentos desse tipo nas mãos. Manoel Paiva assinou a música mais uma vez com o parceiro Luiz Chaga nesse seu único rebento, que recebeu o APCA de Fotografia e o Governador do Estado de São Paulo de Iluminação para Carlos Reichenbach.

Cotações:
+ ruim
* fraco
** regular
*** bom
**** muito bom
***** ótimo

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