sexta-feira, 9 de abril de 2010

longas brasileiros em 2010 (82)


Filmes brasileiros assistidos ou revistos em 2010 no cinema, no DVD e na televisão.
(em 2009 - 315 filmes)

082 - Dona Xêpa (1959), de Darcy Evangelista ***

Algumas Grandes Damas do Teatro dedicaram suas carreiras basicamente aos palcos, mas ainda assim deram uma puladinha nos sets de filmagens para deixarem registrados seus talentos. Foi assim com Dulcina de Moraes Em 24 Horas de Sonho (1941), de Chianca de Garcia, e Cacilda Becker em Floradas na Serra (1954), de Luciano Salce. E foi assim também com Alda Garrido nesse Dona Xêpa, de Darcy Evangelista. Comediante de grande sucesso no teatro dos anos 1920 aos 60, seu cartão de visita foi exatamente a conhecida história da feirante Xêpa, criada por Pedro Bloch. Alda trabalha na feira, onde se diverte e bate boca com os colegas e a vizinhança, deixando sempre à mostra seu temperamento estourado e rude de mulher do povo, para vergonha de sua filha Odete Lara, que quer se dá bem e largar a vida de pobreza na vila. Xêpa tem outro filho, o inventor Herval Rossano, e não mede sacrifícios para que ele possa concluir seu invento, uma máquina geradora de energia nuclear cobiçada por uma gangue de escroques. O texto de Bloch - que aqui tem roteiro de Evangelista e Alípio Ramos -mistura comédia e melodrama e já possibilitou montagens de sucesso não só nos palcos como também virou novelas - Dona Xepa (1977), de Gilberto Braga, com Yara Côrtes; e Lua Cheia de Amor (1990/91), de Ricardo Linhares, Ana Maria Moretzsohn e Maria Carmem Barbosa, com Marília Pêra. O filme nos possibilita conhecer Alda Garrido e seu estilo de interpretação, e apesar da mão pesada de Evangelista, que em algumas cenas força a barra do melodrama sem organicidade, ainda assim acompanhamos a trama com interesse, sobretudo pelo contato com uma artista de extrema importância nas artes cênicas do país. Mãe rejeitada por filhos é um prato cheio para o gênero - basta lembrar do filme americano Imitação da Vida (1934 - John M. Stall; 1959 - Dougals Sirk) e tantas novelas - e o embate entre Odete Lara e Alda Garrido poderia render mais, mas é prejudicado pelo roteiro e pela direção pesada. Como cinema, quem rouba a cena muitas vezes é uma dupla hilariante e infernal em gaiatice: Zezé Macedo e Colé Santana. Ela é Camila, a ajudante de Dona Xepa e que suspira pelo malandrão Colé. Comediantes de mão cheia, donos do pedaço e íntimos do registro de cinema, Zezé e Colé têm aqui grandes momentos em suas longas trajetórias nas telas. E é se divertindo com a espivetada Camila, que pode se constatar mais uma vez porque Zezé Macedo é uma das mais memoráveis artistas desse país.

Cotações:
+ruim
* fraco
** regular
*** bom
**** muito bom
***** ótimo

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