terça-feira, 6 de abril de 2010

longas brasileiros em 2010 (79)


Filmes brasileiros assistidos ou revistos em 2010 no cinema, no DVD e na televisão.
(em 2009 - 315 filmes)

079 - O Barão Otelo no Barato dos Bilhões (1971), de Miguel Borges ***

Anárquico até a medula, O Barão Otelo no Barato dos Bilhões não é tão bom como Pecado na Sacristia (1975), mas diz muito do talento e da força do cinema de Miguel Borges. Ainda que se alongue mais que o necessário e apresente alguns entraves, o interesse permanece. E permanece porque o protagonista é um dos 10 maiores atores que esse país já produziu: Grande Otelo. O Barão Otelo é o tipico filme calcado no talento e carisma de seu protagonista, ainda que cercado de um elenco de primeira. E assistindo Otelo e vendo sua forma particularíssima de dizer suas falas, temos certeza mais uma vez que estamos diante de um gênio, ainda que o filme não corresponda à essa genialidade. Na trama ele é João Sem Direção, um faz tudo que se vira como pode: ataca de frentista, onde surrupia a marmita coletiva no canudinho; faz-se de gandula no Maracanã, com direito a baratinar a cuca do árbitro com a noção de tempo; e entre um trampo e outro, vende bandeiras e o que mais for ao gosto do freguês no congestionamento do trânsito. Um de seus clientes do posto de gasolina é Ivan Cândido, um malandro com pinta de empresário que propõe ganho fácil para Otelo: jogar na loteria esportiva para ele com garantia de porcentagem no prêmio. E Otelo que sequer ouvira falar em loteria, topa a empreitada, estrepa-se na primeira tentativa em forjar resultado favorável, mas mais tarde se torna um bilionário, arrastando atrás de si um séquito de olho na sua butique. O filme saracoteia para lá e para cá sem muito nexo ou linearidade, e seus personagens parecem mais signos sem maior sentido de verossimilhança no entendimento clássico do que é um personagem. A força de cada um se impõe sobretudo pelos atores, que estão muito bem - além de Otelo e Ivan, tem ainda Milton Moraes em aparição impagável, e mais Dina Sfat, Wilson Grey, Rogério Fróes, Elke Maravilha e grande elenco. Produzido por Luiz Carlos Barreto e distribuído pela Difilm, O Barão Otelo tem onipresença de Miguel, que além da direção assina o argumento, o roteiro e a montagem - e é aí que pode estar mesmo seu calcanhar de aquiles, como ele credita em livro da Coleção Aplauso para Antonio Leão. Ainda assim vale a pena ver Grande Otelo arrasando de ponta a ponta. E suas entradas e saídas esbaforidas das casas das esposas já valem o ingresso.

Cotações:
+ruim
* fraco
** regular
*** bom
**** muito bom
***** ótimo

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