quarta-feira, 19 de agosto de 2009

pixote


Começou ontem a retrospectiva de Hector Babenco no Canal Brasil.

Não preciso dizer que garanti meu lugar em frente à TV e assisti Pixote - A Lei do Mais Fraco, e depois o documentário Pixote In Memorian, de Felipe Briso e Gilberto Topczewski.

Maravilhosa essa retrospectica, pois só tinha visto Pixote quando lançado na época nos cinemas, e depois em um cópia VHS escura e sem muita qualidade.

A exibida ontem, por ser restaurada, está perfeita, e mais uma vez Pixote, A Lei do Mais Fraco se confirma como um dos filmes mais impactantes da década de 80 e de todo o cinema brasileiro.

O elenco todo está excepcional, e deu saudades ver Ariclê Perez bela e com o talento de sempre, como a professora da Febem que alfabetiza Pixote.

De Fernando Ramos da Silva então nem se fala, com sua cara trágica em misto de inocência e alta dose de tristeza.

E Marília Pêra está mesmo sensacional, fazendo tudo que pode com o talento arrebatador que possui.

A poderosa crítica americana Pauline Kael escreveu sobre esse trabalho de Marília, que foi premiado pelos críticos de Nova York:

"Marília Pêra tem uma presença que lembra a de Anna Magnani - horripilante e sensacional. A paixão que ela exibe elimina os garotos não-atores da tela. É a prostituta gerada pelas fantasias masculinas mais tenebrosas, e nas suas cenas o filme atinge um esplendor de brilhante crueza."

Só não concordo com a colocação de que ela elimina os garotos porque acho que eles estão bem e batem bola direitinho com Marília. Mas que a interpretação da atriz é antológica, isso é.

Já do documentário gostei bastante, ainda que a montagem seja um pouco maniqueísta. Mas me interessei por rever os garotos agora crescidos, e por muitas falas dos entrevistados.

Nunca achei que a tragédia de Fernando Ramos da Silva fosse culpa de Babenco, como a mídia da época ressaltou tanto. Mas a montagem, e, sobretudo, as falas finais, pesam a mão ao querer colocar em evidência essa não-culpa de Babenco nessa trajetória com desfecho trágico de seu ator protagonista.

E também acho que a culpa não é do Fernando, como essa montagem final deixa nas entrelinhas, algo que me incomodou e achei simplório -como na fala de Marília Pêra que diz que a vida de ator é difícil.

Ok, mas aqui o buraco é bem mais embaixo.

Estamos falando de um menino que não era ator e de tudo que essa exposição, fatalmente, repercutiu em sua vida particular.

5 comentários:

  1. Pek,

    Percebi que você alterou seus horários de postagem. Creio ser porque esteja seguindo o festival Babenco no Canal Brasil. Está gravando tudo?

    Beijos.

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  2. Isso mesmo Noel.
    Estou gravando e está fabuloso rever os filmes.
    As cópias estão lindas, e foi muito bacana ver também o documentário sobre Pixote e o making of de O Beijo da Mulher Aranha.
    Bj

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  3. Você também está gravando documentários e making of?

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  4. Noel,
    Estou gravando todos.
    O de O Beijo ontem foi bacana, pois revela a saga que foi a realização do filme.
    Bj

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  5. Por acaso teria como você disponibilizar para download o documentário, procurei em todos os lugares e não encontrei.
    de qualquer forma agradeço

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