domingo, 19 de junho de 2011

cinema carioca e cinema baiano na 6ª Cineop
















Mais um dia de conferir debate na programação da 6ª Cineop. E eles são muitos, o que é uma ótima oportunidade para aprofundar conhecimentos de temas que permeiam esta edição.

A Chanchada no contexto dos anos 50 reuniu os professores e pesuisadores Afrânio Catani, Maurício Reinaldo Gonçalves e Sheila Schvarzman, em mesa mediada pelo crítico Sérgio Alpendre.

Se as chanchadas foram motivo de escárnio para boa parte da crítica e de intelectuais em sua época, esse panorama mudou bastante nas últimas décadas.

Daí, há hoje, felizmente, a circulação de muitas informações sobre este período do cinema popular carioca e seus personagens.

Daí também que nem sempre uma mesa de discussão sobre o assunto proporciona um avanço nessa rota.

A mesa foi muito bem conduzida por Alpendre, mas os melhores momento foram o de certo "enfrentamento" entre plateia e mesa.

E a plateia era qualificadíssima, ainda que reduzida, com a presença de nomes como Antonio Leão, Máximo Barro, Inácio Araújo, Oscar Maron e vários jornalistas.

Coube a Luiz Henrique Severiano Ribeiro, superintende do grupo Severiano, e Máximo Barro, montador de vários filmes da Atlântida, esses momentos de embate.

Luiz Henrique fez várias intervenções, e numa delas reclamou do termo "precário" utilizado por compenentes da mesa ao se referir à Atlântida, que o estudio disponibilizava de equipamentos modernos.

Scheila rebateu dizendo que não é o que a literatura conta, citou o montador Mauro Alice - que ela biografou na Coleção Aplauso -, que testemunhou essa precariedade quando foi trabalhar na Atlântida.

Com a insistência de Severiano, disse que os arquivos têm que ser abertos - e ele respondeu que já estão, na Cinemateca -, e que novas leituras terão que ser feitas.


Maximo Barro, que quase virou mais um componente da mesa, pois suas falas foram muitas e longas, ressaltou que é preciso pensar na Atlântida em dois momentos: a do surgimento, quando fundada por José Carlos Burle e parceiros, e a de 1946 em diante, quando a Severiano se torna um dos proprietários.

Mas não foi só aí que Máximo pontuou, contou histórias sobre Burle, Moacyr Fenelon, Muniz Vianna, Watson Macedo e muitos outros personagens.

Maximo se estendeu muitas vezes, limitando um pouco a participação de outros componentes da plateia, mas o que dizia era tão interessante que parecia ser difícil para Alpendre interrompê-lo.


A mesa de ontem foi daqueles que não dependem exclusivamente de seus componentes, mas que encontra uma plateia pulsante e com o que falar.

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Como a década focalizada desta 6ª Cineop é a de 50, com atenção paras as chanchadas, isso não impediu a curadoria de programar um filme contemporâneo ao cinema carioca, só que feito na Bahia e com temática completamente diversa.

Estou falando de Redenção, do GRANDE cineasta baiano Roberto Pires.

Realizado em 1959, Redenção foi o primeiro longa de ficção do cinema baiano, que com seus 57 minutos é apresentado como média na programação, mas é um longa na medição da época, segundo Petrus Pires, filho do cineasta presente na exibição.

Redenção sempre foi filme que esse escriba sonhava em assistir, e a oportunidade ontem realmente foi única, que foi assisti-lo pela primeira vez e em telão.

Protagonizado por Geraldo Del Rey e Braga Neto, o filme coloca em cena o encontro entre um psicopata e dois amigos - um deles em liberdade condicional, e o outro namorado de Maria Caldas, vítima do malucão - em breve comentários sobre o filme aqui no Insensatez.

A história é bem contada, mas o que chama atenção mesmo é o domínio de cena do cineasta, e, sobretudo, suas inovações técnicas: Redenção foi filmado em cinemascope, em lente criada por Pires.

Roberto Pires tem filmografia impactante, com títulos como A Grande Feira, Tocaia no Asfalto e a Máscara da Traição.

É cineasta de ponta, ainda que pouco reverenciado em sua magnitude.

Petrus está a frente de projeto de restauração de toda a obra do pai, o que é grande notícia.


Redenção já foi restaurado -cópia que assistimos ontem - e segundo Petrus era filme dado como desaparecido, até descobrir uma única cópia em 16mm.

Foto: Petrus Pires - Filme Redenção

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Na programação deste domingo:


- Cortejo da Arte, que reúne várias modalidades artísticas em caminhada pelas ruas de Ouro Preto;
- lançamento de livros, dentre eles: o Dicionário de Fotógrafos e o Dicionários de Astros e Estrelas, do pesquisador, e amigo, Antonio Leão; e Cachoeira de Filmes - O Cinema Humberto Mauro, do pesquisador, e também grande amigo, Ataídes Braga.

- Além dos longas, exibição de várias sessões de curtas, dentre eles Filme Pornografizme, de Leo Pyrata.

Toda a programação está aqui:

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