Filmes brasileiros assistidos e revistos em 2010 no cinema, no DVD e na televisão.
(em 2009 - 315 filmes)
287 - O Sol do Meio Dia (2009), de Eliane Caffé ***1/2
Como se sabe, com o Cinema da Retomada o número de diretoras de longas aumentou em dezenas. Agora, se há um lugar garantido entre as cinco mais talentosas, esse lugar é de Eliane Caffé. Depois do interessante Kenoma (1998) - sua estreia no formato -, ela realizou o ótimo Narradores de Javé (2002), um dos filmes mais memoráveis da década, mas injustamente subestimado e pouco comentado. Agora, Lili - como é chamada - traz à cena esse O Sol do meio dia - que salvo engano chegou a se chamar Andar às Vozes, o que era coerente com os títulos estranhos que ela escolhe para seus rebentos. No filme, a trama junta dois homens de origens diversas e destinos em comum: Chico Diaz herdou o barco e os negócios escusos de contrabando com a morte do pai e é encoxado por gangue perigosa que está no negócio; já Luiz Carlos Vasconcelos acabou de sair da cadeia, tem pesadelos que o atormetam e procura um lugar para si. Os dois acabam se encontrando quando Vanconcelos pede emprego para Diaz, eles seguem o rio para buscar uma encomenda, e no caminho encontram Cláudia Assunção. Mãe de uma jovem que larga a família para se tornar prostituta, Assunção despertará o interesse de Diaz mas ficará balançada mesmo é por Vasconcelos. O Sol do meio dia tem como foco personagens em abordagem à margem de muitas lentes por aí: são rudes, são pobres, não têm beleza padrão - o Matuim de Chico Diaz até tenta dribrá-la com uma peruca. Aqui não interessa o universo violento em que podem estar metidos ou mesmo as questões adversas oriundas desse estrato. O que interessa no roteiro de Eliane Caffé e Luiz Alberto de Abreu não é nem de onde vieram esses personagens - ainda que são sinalizados e têm importância em suas contruções pscológicas, como o negócio do barco, a cadeia e a relação de Assunção com o pai Ary Fontoura; ou para onde vão. O que há de relevante e em nervo central é o que eles são agora, onde e como estão agora, e o choque de suas emoções e percepções nesse momento. É possível a redenção pelo amor? É possível mascarar por gaiatice ou introspecção a solidão ou a falta de rumo? É possível ter um lugar menos ordinário no mundo? O Sol do meio dia brilha, em morte e em vida, é por aí. No elenco, o talento comprovadíssimo de Luiz Carlos Vansconcelos e Chico Diaz, ambos premiados como Melhor Ator no Festival do Rio - Lili Caffé já havia trabalhado com o irmão do segundo, Enrique Diaz, em Kenoma. Aqui, eles encontram ótima sintonia com a mineira Claudia Asunção, uma belíssima estreia no cinema de uma atriz que promete dar muito o que falar.
Cotações:
+ ruim
* fraco
** regular
*** bom
**** muito bom
***** ótimo
(em 2009 - 315 filmes)
287 - O Sol do Meio Dia (2009), de Eliane Caffé ***1/2
Como se sabe, com o Cinema da Retomada o número de diretoras de longas aumentou em dezenas. Agora, se há um lugar garantido entre as cinco mais talentosas, esse lugar é de Eliane Caffé. Depois do interessante Kenoma (1998) - sua estreia no formato -, ela realizou o ótimo Narradores de Javé (2002), um dos filmes mais memoráveis da década, mas injustamente subestimado e pouco comentado. Agora, Lili - como é chamada - traz à cena esse O Sol do meio dia - que salvo engano chegou a se chamar Andar às Vozes, o que era coerente com os títulos estranhos que ela escolhe para seus rebentos. No filme, a trama junta dois homens de origens diversas e destinos em comum: Chico Diaz herdou o barco e os negócios escusos de contrabando com a morte do pai e é encoxado por gangue perigosa que está no negócio; já Luiz Carlos Vasconcelos acabou de sair da cadeia, tem pesadelos que o atormetam e procura um lugar para si. Os dois acabam se encontrando quando Vanconcelos pede emprego para Diaz, eles seguem o rio para buscar uma encomenda, e no caminho encontram Cláudia Assunção. Mãe de uma jovem que larga a família para se tornar prostituta, Assunção despertará o interesse de Diaz mas ficará balançada mesmo é por Vasconcelos. O Sol do meio dia tem como foco personagens em abordagem à margem de muitas lentes por aí: são rudes, são pobres, não têm beleza padrão - o Matuim de Chico Diaz até tenta dribrá-la com uma peruca. Aqui não interessa o universo violento em que podem estar metidos ou mesmo as questões adversas oriundas desse estrato. O que interessa no roteiro de Eliane Caffé e Luiz Alberto de Abreu não é nem de onde vieram esses personagens - ainda que são sinalizados e têm importância em suas contruções pscológicas, como o negócio do barco, a cadeia e a relação de Assunção com o pai Ary Fontoura; ou para onde vão. O que há de relevante e em nervo central é o que eles são agora, onde e como estão agora, e o choque de suas emoções e percepções nesse momento. É possível a redenção pelo amor? É possível mascarar por gaiatice ou introspecção a solidão ou a falta de rumo? É possível ter um lugar menos ordinário no mundo? O Sol do meio dia brilha, em morte e em vida, é por aí. No elenco, o talento comprovadíssimo de Luiz Carlos Vansconcelos e Chico Diaz, ambos premiados como Melhor Ator no Festival do Rio - Lili Caffé já havia trabalhado com o irmão do segundo, Enrique Diaz, em Kenoma. Aqui, eles encontram ótima sintonia com a mineira Claudia Asunção, uma belíssima estreia no cinema de uma atriz que promete dar muito o que falar.
Cotações:
+ ruim
* fraco
** regular
*** bom
**** muito bom
***** ótimo
Nenhum comentário:
Postar um comentário