quarta-feira, 18 de agosto de 2010

longas brasileiros em 2010 (189)


Filmes brasileiros assistidos e revistos em 2010 no cinema, no DVD e na televisão.
(em 2009 - 315 filmes)

189 - Incuráveis (2005), de Gustavo Acioli **1/2

Vez em quando o cinema brasileiro - e não só ele - trancafia um casal em um apartamento, ou em uma casa, ou mesmo em um quarto de hotel ou motel, e conta sua história a partir daí. Algumas vezes os amantes até botam o pé do lado de fora ou até pode aparecer um ou outro personagem, mas ainda assim o foco estará sempre neles. Arnaldo Jabor se deu muito bem em duas ocasiões - Eu Te Amo (1981) e Eu Sei Que Vou Te Amar (1986); Beto Brant foi bem em Cão Sem Dono (2006) e assim assim em O Amor Segundo B. Schianberg (2009); José Eduardo Belmonte foi maravilhosamente bem em Meu Mundo em Perigo (2007); e Gustavo Nieto Roa em Entre Lençóis (2008)... Bom, Entre Lençóis é quase um abacaxi. Não é nem preciso dizer que nesse quase filão além de uma boa direção é necessário ótimos atores, né? E nesse quesito Incuráveis bate um bolão, pois Fernando Eiras e Dira Paes quase dispensam comentários. Na trama, ela é uma prostituta de cem real que ganha quinhentão para atender a proposta dele. Qual? a de ouvi-lo durante toda a noite, que logo depois ela e nós saberemos que pretende ser a última, pois o dito está determinado a estourar os miolos. Os dois vão então para um quarto de hotel barato e em meio à falas e transas mostram e escondem um tanto deles para eles mesmos e para o outro. Ainda que o tema possa sugerir transas com paus e xotas à mostra, o que se vê é muito pouco disso - Eiras chega a esconder o documento quando se levanta nu da cama e de resto quase fica sempre de cueca branca. Já Dira se mostra mais generosamente. Vemos que é uma opção da direção e da fotografia, mas não deixa de tirar um tanto de verdade desse encontro e se revestir um tanto de pudor, ainda que também percebamos não parecer ser a intenção. Já no embate verbal, o conteúdo oscila entre ditos interessantes e outros nem tanto assim, ainda que fiquemos atentos no que aquilo tudo vai dar. Mas é aí que entram algumas artimanhas do roteiro - de Acioli e Marcelo Pedreira e que também está na peça A Dama da Lapa do último e na qual o filme foi baseado - o que dá quase nocaute no construído. Fernando Eiras e Dira Paes estão ótimos em cena - ele, Melhor Ator no Festival de Brasília 2005 - e em vários momentos perguntam um para o outro "O que a gente faz com tudo isso?". Depois, veremos que também iremos compartilhar com esse estado de coisas, ainda que de forma diversa, pois a questão vai se instalar também em nós, só que diante do próprio filme.

Cotações:
+ ruim
* fraco
** regular
*** bom
**** muito bom
***** ótimo

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