quinta-feira, 25 de março de 2010

longas brasileiros em 2010 (67)


Filmes brasileiros assistidos ou revistos em 2010 no cinema, no DVD e na televisão.
(em 2009 - 315 filmes)

067 - Diário de Um Novo Mundo (2004), de Paulo Nascimento +

A câmera lenta é um efeito poderoso e dos mais interessantes, principalmente quando usado mais por motivos éticos que puramente estéticos. Ou seja, que sua função não seja apenas decorativa, mas que realmente tenha algo a dizer naquela cena específica - e quando pensamos que a estética não está desassociada da ética, mesmo que alguns cineastas se esqueçam disso, aí é que a porca torce o rabo . Mas a câmera lenta pode ser um naufrágio para cineastas que se deixam seduzir pelo seu canto de sereia. Como Paulo Nascimento nesse seu filme de cunho histórico Diário de Um Novo Mundo. Em Diário, todos, absolutamente todos, têm seu momento de slow motion. E aí eles andam, cavalgam, dançam, lutam, trepam, tudo como se a Mulher Biônica ou o Homem de Seis Milhões de Dólares tivesse corrido tanto sob o efeito e ido parar no sul do país. A trama é um tanto confusa, pois não sabe se fica no registro histórico - a chegada de um médico, Edson Celulari, no sul do país em 1752, vindo de um navio cheio de colonos açorianos com esperança de vida melhor no Brasil, e depois seu envolvimento nas lutas entre Portugal e Espanha; ou seu amor por uma mulher casada com um militar, Daniela Escobar. Edson Celulari tenta compor seu personagem com verdade, mas o que mais a gente lembra dele é da cabelereira enorme desgrenhada e cheirando a talco ordinário - aliás, porque peruca, como se fosse cabelo de verdade, quase nunca convence em filmes históricos e fica um incômodo fake o tempo inteiro? Ainda que nem se tenha certeza se aquela juba não seja dele mesmo. Já Daniela Escobar, bela e talentosa atriz - contrariando uma geração malhada na TV como mulheres de diretores conseguindo seu lugar ao sol - funciona muito bem no cinema, vide suas performances em Vida de Menina (2004), de Helena Solberg, e Jogo Subterrâneo (2004), de Roberto Gervitz. Mas aqui ela não tem muita chance, não se sabe se pelo roteiro ou pela direção, e daí fica pouco da possível angústia de uma mulher presa pelo casamento naqueles tempos de nenhuma liberdade feminina, e muito de uma mulher sutilmente coquete e um tanto passada do ponto para esse registro. Bom saber que depois Paulo Nascimento faria o sensível Valsa Para Bruno Stein (2007), em registro diverso desse tedioso e empolado Diário.

Cotações:
+ruim
* fraco
** regular
*** bom
**** muito bom
***** ótimo

2 comentários:

  1. Pek,

    Recentemente sua classificação de filme ruim tem se avolumado...
    Não gosto de Daniela Escobar. Tenho uma birra com ela, talvez gratuita.

    Bjs.

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  2. Pois é, também vendo tantos,né?
    Gosto da Daniela, sobretudo no cinema.
    Bjs

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