Filmes brasileiros assistidos ou revistos em 2010 no cinema, no DVD e na televisão.
(em 2009 - 315 filmes)
038 - O Ibraim do Subúrbio (1976)
(em 2009 - 315 filmes)
038 - O Ibraim do Subúrbio (1976)
episódio Roy, O Gargalhador Profissional, de Astolfo Araújo **1/2
episódio O Ibraim do Subúrbio, de Cecil Thiré *****
São muitos os exemplares de filmes em episódios no cinema brasileiro, sobretudo nos anos 1970. Por esse formato já passaram alguns dos nossos mais notáveis cineastas, como Roberto Santos, Joaquim Pedro de Andrade, Luiz Sérgio Person e Carlos Reichenbach. E, quase sempre, os episódios de um mesmo longa podem ter resultados muito desiguais. Não é totalmene o caso desse O Ibraim do Subúrbio, que focaliza personagens que sacolejam no velho e bom trem da central do Brasil. Pois ainda que Roy, O Gargalhador Oficial seja bem aquém do segundo e que dá título ao filme, há nele uma inquietação que interessa sempre. Roy é um morto de fome que encara os mais diferentes bicos para sustentar a família, quase sempre alimentada de ovos roubados do vizinho. Até que arruma um trabalho como gargalhador em um programa de auditório. É como se o neo-realismo italiano tivesse sido filtrado pela lente dos programas do Chacrinha, e a ácida crítica até se perde no resultado final, mas ainda assim garante boas cenas, sobretudo por causa dos talentos de seu elenco - Paulo Hesse, Wilson Grey, Suzana Faini, Lourdes Mayer, Sérgio Hingst, Fregolente, e uma Bia Lessa divertida e novinha novinha. Mas a cereja do bolo está mesmo no episódio O Ibraim do Subúrbio, protagonizado por José Lewgoy, que várias vezes disse ser esse um dos seus personagens prediletos no cinema. Ibraim é do subúrbio, mas tem veneração pelo Ibraim da zona sul, o Sued, e faz de conta que sua vida ordinária se desenrola no grand monde dos salões. Ele é alfaiate e seu nome é Casimiro de Abreu - adora dizer que é contra-parente do escritor - mas é chamado de Ibraim do Subúrbio pelos vizinhos pela sua mania de grandeza. Lewgoy, ótimo ator sempre, está realmente iluminado com sua fleuma incorruptível, ainda que tenha que limpar os sapatos das poças das ruas que insistem, em vão, chafurdá-lo. E ele tem ainda como sustentação também um ótimo elenco, com as presenças marcantes, como esposa e filha, de Eloisa Mafalda - atriz, infelizmente, pouco aproveitada no cinema; e Lucélia Santos - em inicinho de carreira, mas já com o talento arrebatador. Prêmio de Melhor Ator mais que merecido para Lewgoy no Festival de Gramado de 1977.
episódio O Ibraim do Subúrbio, de Cecil Thiré *****
São muitos os exemplares de filmes em episódios no cinema brasileiro, sobretudo nos anos 1970. Por esse formato já passaram alguns dos nossos mais notáveis cineastas, como Roberto Santos, Joaquim Pedro de Andrade, Luiz Sérgio Person e Carlos Reichenbach. E, quase sempre, os episódios de um mesmo longa podem ter resultados muito desiguais. Não é totalmene o caso desse O Ibraim do Subúrbio, que focaliza personagens que sacolejam no velho e bom trem da central do Brasil. Pois ainda que Roy, O Gargalhador Oficial seja bem aquém do segundo e que dá título ao filme, há nele uma inquietação que interessa sempre. Roy é um morto de fome que encara os mais diferentes bicos para sustentar a família, quase sempre alimentada de ovos roubados do vizinho. Até que arruma um trabalho como gargalhador em um programa de auditório. É como se o neo-realismo italiano tivesse sido filtrado pela lente dos programas do Chacrinha, e a ácida crítica até se perde no resultado final, mas ainda assim garante boas cenas, sobretudo por causa dos talentos de seu elenco - Paulo Hesse, Wilson Grey, Suzana Faini, Lourdes Mayer, Sérgio Hingst, Fregolente, e uma Bia Lessa divertida e novinha novinha. Mas a cereja do bolo está mesmo no episódio O Ibraim do Subúrbio, protagonizado por José Lewgoy, que várias vezes disse ser esse um dos seus personagens prediletos no cinema. Ibraim é do subúrbio, mas tem veneração pelo Ibraim da zona sul, o Sued, e faz de conta que sua vida ordinária se desenrola no grand monde dos salões. Ele é alfaiate e seu nome é Casimiro de Abreu - adora dizer que é contra-parente do escritor - mas é chamado de Ibraim do Subúrbio pelos vizinhos pela sua mania de grandeza. Lewgoy, ótimo ator sempre, está realmente iluminado com sua fleuma incorruptível, ainda que tenha que limpar os sapatos das poças das ruas que insistem, em vão, chafurdá-lo. E ele tem ainda como sustentação também um ótimo elenco, com as presenças marcantes, como esposa e filha, de Eloisa Mafalda - atriz, infelizmente, pouco aproveitada no cinema; e Lucélia Santos - em inicinho de carreira, mas já com o talento arrebatador. Prêmio de Melhor Ator mais que merecido para Lewgoy no Festival de Gramado de 1977.
Cotações:
+ ruim
* fraco
** regular
*** bom
**** muito bom
***** ótimo
+ ruim
* fraco
** regular
*** bom
**** muito bom
***** ótimo
Pek,
ResponderExcluirTenho certa preguiça com filmes em episódios, sejam nacionais ou não.
Bjs.
Entendo, Noel.
ResponderExcluirMas tem episódios que valem por um filme e meio.
Como o Vereda Tropical, do Joaquim Pedro, do Contos Eróticos.
É maravilhoso, e um dos filmes mais inteligentemente divertidos do cinema nacional.
Bjs
Prezado Adilson, este é um filme bastante especial por vários motivos. Este segundo episódio é uma aula de cinema. É simplesmente o melhor papel do José Lewgoy em toda a carreira cinematográfica dele. É simplesmente sensacional, principalmente a parte do casamento da filha dele. O primeiro episódio também é legal. Um dia desses encontrei o Paulo Hesse aqui em São Paulo e perguntei sobre alguns filmes antigos que ele fez. Ele ficou muito surpreso, mas conversou numa boa. É curioso porque ele e diversos grandes atores de cinema vivos (como Roberto Bolant, Heitor Gaiotti, José Índio Lopes e tantos outros) são muito mal aproveitados. Adoro este filme, foi um dos que mais me influenciou a pesquisar cinema brasileiro.
ResponderExcluirMatheus Trunk
www.violaosardinhaepao.blogspot.com
Matheus,
ResponderExcluirQue legal deve ter sido o encontro com o Hesse. Sempre achei ele um tipo de ator muito especial. E como você bem disse, tem vários por aí completamente esquecidos.
Quando ao episódio Ibraim, ele é mesmo sensacional. Não a toa dei 5 estrelas para ele.
Bom saber que ele foi referência pra você.
Um abraço, meu amigo,