domingo, 30 de maio de 2010

longas brasileiros em 2010 (127)


Filmes brasileiros assistidos ou revistos em 2010 no cinema, no DVD e na televisão.
(em 2009 - 315 filmes)

127 - Cerro do Jarau (2005), de Beto Souza *

Ok, cinema tem muito mais a ver com a forma de contar do que a história propriamente dita - e isso já foi dito por aqui mais de uma vez. Mas tem hora que, em certos filmes, os cineastas ficam mais que perdidos entre uma coisa e outra. Como nesse Cerro do Jarau. Dirigido pelo gaúcho Beto Souza, de Netto Pede sua Alma (2001 - co-direção Tabajara Ruas), o filme fala de três amigos de infância que se reencontram na fase adulta em situação bem diferente das brincadeiras de menino no Cerro do Jarau, lugar místico no sul do Brasil onde se encontravam nas férias de inverno. Tarcísio Filho e Lu Adams se casaram e tornaram-se donos de um clube noturno, já Tiago Real tornou-se padre. Quando o contraventor Miguel Ramos enrola para pagar pela compra do clube e uma série de acontecimentos leva Lu a querer tirar o dinheiro na marra, inicia-se uma perseguição perigosa, colocando os três personagens em situação de perigo e em risco de morte. Pela sinopse poderia sair daí um filme de entrecho policial desses tantos que há por aí, e quando a direção não está tão preocupada em como contar essa história ele fica nesse registro e é onde se sai melhor. Mas como um possível lado autor reclama seu quinhão, dá-lhe então um busca por um suposta originalidade, que aqui vai na inclusão de uma confusa e misteriosa lenda local na trama. É bem possível que a tal lenda sirva mesmo de metáfora para o que está sendo mostrado, pois como a lenda de Teiniaguá cerca um misteriosa e temida gruta no local e a personagem de Lu Adams desafia os amigos e entra lá sozinha quando criança, a metáfora pode estar aí, no que aconteceu com ela durante esse episódio e que vai desencadear o destino de todos muitos anos depois. Mas se essa solução pode ter funcionado maravilhosamente bem no roteiro escrito a oito mãos - Beto Souza, Tabajara Ruas, Fernando Marés e Geraldo Borowski - isso ficou só no material impresso. Pois no filme, além de confundir e emperrar o andar da carruagem, não se torna sedutor em momento algum. E ainda tem mais uns outros tantos personagens mal delineados, como o do quarto amigo - Roberto Beridelli, e o de uma cantora punk - Júlia Barth. Miguel Ramos como o vilão Correntino e Lu Adams como Rebeca se saem melhor - ele recebeu prêmios de Melhor Ator Coadjuvante em Gramado no Cine PE; já ela perdeu o de Melhor Atriz no Cine PE para Julia Barth. Outro fator agravante é a presença da narração de um dos personagens, recurso dos mais perigosos no cinema - os filmes noir foram os que melhor usaram isso - e que, definitivamente, não é para qualquer um.

Cotações:
+ruim
* fraco
** regular
*** bom
**** muito bom
***** ótimo

2 comentários:

  1. Pek,

    Este é um dos piores filmes que vi nos últimos tempos. Como sou colecionador, tenho em minha casa, mas é sofrível.

    Bjs.

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