segunda-feira, 19 de abril de 2010

longas brasileiros em 2010 (92)


Filmes brasileiros assistidos ou revistos em 2010 no cinema, no DVD e na televisão.
(em 2009 - 315 filmes)

092 - Rita Cadillac, A Lady do Povo (2007), de Toni Venturi ****

Quem tem mais de 40 anos e cresceu assistindo a TV Tupi sabe que a chacrete maior foi India Potira, com suspiros da platéia também para outras como Yvone, Walderez, Lucinha Apache, Verinha do Flamengo e Angélica. Todas elas batiam ponto nos programas do Chacrinha, a Discoteca e a Buzina. Já quando o Velho Guerreiro voltou para a Globo e juntou os dois no Cassino do Chacrinha, aí Rita Cadillac realmente roubou a cena. É a trajetória desse furacão que o cineasta Tony Venturi refaz nesse bacana Rita Cadillac, A Lady do Povo. Documentário é assim, ou vale pelo personagem, como o Vinicius (2005), de Miguel Faria Jr, ou quando independente do carisma do personagem o que se percebe é grande cinema, como o Santiago (2006), de João Moreira Salles. E tem casos que mesmo um bom personagem pode não funcionar e resultar em filmes assim assim, como o Paulo Vanzolini de Um Homem de Moral (2009), de Ricardo Dias - esse caso assusta ainda mais, pois o mesmo cineasta já tinha feito o fascinante No Rio das Amazonas (1995), sobre o Vanzolini zoólogo, ao contrário deste que é sobre o Vanzolini compositor. Em Rita Cadillac, A Lady do Povo, Toni Venturi tem uma personagem e tanto, mas ainda assim fica nítido também o dedo talentoso do cineasta para que a ex-chacrete, dançarina e atriz seja apresentada de forma tão digna na tela. O filme começa aparentemente com cenas clichês, com Rita desfilando em um cadillac vermelho e depois preparando o almoço de forma completamente desglamourizada. Com o andar da carruagem, vê-se que é exatamente esses dois registros, o da sexy simbol e o da dona de casa, que interessam ao cineasta. Rita se entrega à lente de Venturi e fala de tudo - ou para lembrarmos do livro de memórias de Danusa Leão, fala de Quase Tudo. Fala dos envolvimentos amorosos, dos pais, da carreira artística, dos problemas com o pai do seu filho, dos tempos da viração, de alguns filmes que fez, da passagem pelo cinema pornô, e muito mais. E é a carreira no cinema que rende passagens belíssimas no documentário, como a atuação dela em Asa Branca, Um Sonho Brasileiro (1981), notável filme de Djalma Limongi Batista, em que ela está mais pantera do que nunca. Aliás, é Djalma que a chama de Lady do Povo, e no filme conta como ficou fascinado por ela. Outro momento lindo no cinema é a cena do show para os presidiários em Carandiru (2003), com direito a depoimento inspirado de Hector Babenco, que chama atenção para a ingenuidade presente na imagem de furacão de Rita. Como se sabe também, Rita Cadillac foi manchete em tudo que foi lugar quando resolveu protagonizar filmes pornôs na série Brasileirinhas. E é impressionante como mesmo depois dessa passagem, que poderia destruir uma carreira pelo preconceito hipócrita dos caretas de plantão, ela saiu ilesa e continuou respeitada como sexy simbol popular e das maiores que este país já produziu nesse universo. Reinado que Rita Cadillac mantém e com toda justiça em quatro décadas no imaginário popular, e que esse documentário ajuda a eternizar nas telas.

Cotações:
+ruim
* fraco
** regular
*** bom
**** muito bom
***** ótimo

6 comentários:

  1. Pek,

    Vi este filme no Teste de Audiência, ainda em fase de finalização e achei ótimo. Quero ver novamente, inclusive para verificar se alguma coisa foi levada em consideração quando do debate com o diretor Toni Venturi.

    Bjs.

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  2. Prezado Adilson: trata-se de um grande documentário. Só fiquei triste de ver a sessão quase vazia. É bem melhor que o doc sobre o Chacrinha feito no ano passado.

    Matheus Trunk
    www.violaosardinhaepao.blogspot.com

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  3. Pois meu amigo, também na sessão que assisti tinha somente uns gatos pingados.
    Dureza, né?
    Aquele documentário do Hoineff não me agrada, ao contrário da série dele no Canal Brasil sobre as chacretes, que acho bem bacana.
    Um abraço

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  4. Dilsinho, adoro quando suas postagens ficam mais pantera do que nunca. Bjos

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  5. Deixa de ser bobo, Lucas.
    Gosto de vê-lo por aqui.
    Bjs

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