quinta-feira, 11 de março de 2010

longas brasileiros em 2010 (61)


Filmes brasileiros assistidos ou revistos em 2010 no cinema, no DVD e na televisão.
(em 2009 - 315 filmes)

061 - O Amor Segundo B. Schianberg (2009), de Beto Brant **1/2

Felipe Bragança, um dos nomes mais talentosos da nova geração do cinema, botou um nome quilométrico em seu primeiro longa: A Fuga, a Raiva, a Dança, a Bunda, a Boca, a Calma, a Vida da Mulher Gorila. É divertido, mas acabou ficando, pelo menos para muita gente, abreviado em A Fuga da Mulher Gorila. Títulos longos ou complicados normalmente dão preguiça e são dificeis de assimilar - como aqueles gigantescos da cineasta italiana Lina Wertmuller nas décadas de 1970 e 80. E é péssimo para a divulgação boca a boca, pois é difícil se lembrar deles. Como esse novo O Amor Segundo B. Schianberg, de Beto Brant, que não á toa tem gente chegando na bilheteria do cinema e pedindo ingresso do Amor segundo alguma coisa. Beto Brant integra um grupo de cineastas vigorosos revelados nas décadas de 1980 e 90 e formado por nomes como Tata Amaral, Eliane Caffé, Cláudio Assis, Marcelo Gomes, Karim Aiñouz, Fernando Meirelles, Lais Bodanzky, Anna Muylaert, Lírio Ferreira e Paulo Caldas. Depois de filmes duros e pra fora, como Os Matadores, Ação Entre Amigos e O Invasor, ele deu uma guinada e vem apresentando filmes pra dentro como Crime Delicado, Cão Sem Dono e esse novo trabalho. E do pra fora para o pra dentro saem as locações externas e a violência social, e entra muito de teatro e de dramas intimistas. É como se depois de falar do que acontece com seus personagens pela pressão e impacto do externo, Brant mirasse sua lente agora para a pressão e o impacto que está dentro de nós mesmos e que é colocado em cheque e/ou em redenção no encontro intimíssimo com o outro. Nesse novo filme ele colocou uma artista plástica e videomaker, Marina Previato, e um ator, Gustavo Machado, em um apartamento e instalou uma pá de câmeras. E ainda incoporou o personagem B. Shianberg, que no livro de Marçal Aquino é um psicanalista que observa e reflete sobre comportamento amoroso a partir da realidade. É a estética dos reality show, só que aqui sem confinação total, sem competição por um milhão e meio, e sem Bial e Britto - para ficarmos nos da hora. E interfere pouco, deixando para o casal o protagonismo não só da história mas muito do rumo dela. Nessa nova rota, Brant fez o impactante Crime Delicado, que dói e faz incômodo no coração e na coluna, e o belo Cão Sem Dono, que excita em voyerismo. Mas se em Cão ser voyer não dispensava a cumplicidade com aqueles personagens de Tainá Muller e Julio Andrade, aqui ficamos quase mesmo só nessa função de olhar sem entrar muito naquilo tudo. E ainda que há momentos belos, no geral teima uma sensação de o que tenho a ver com isso. Originado de minisserie da TV Cultura - e ali deve ter tido mais impacto pela estética incomum na telinha - no cinema O Amor Segundo B. Schianberg não seduz tanto. Talvez por causa da TV há um pudor sexual inesperado no cinema de Brant. E filme que se passa entre quatro paredes e com temática amorosa/sexual mas não mostra, ou melhor esconde, partes íntimas, denota um certo controle que trai um tanto o mote inicial. Mesmo que o controle, ou pelo menos uma espécie dele, esteja em sua gênese.

Cotações:
+ruim
* fraco
** regular
*** bom
**** muito bom
***** ótimo

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