segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

domingo, 6 de dezembro de 2009

como era cor de rosa o meu vale


Fui programador de cinema durante seis anos - e antes disso, assistente de programação em mais um tanto de anos.

Daí, sabia que programar filme com temática gay era garantia de público, pelo menos em BH onde ele comparecia em peso.

E isso porque realmente há poucos filmes com essa temática e os gays, como todo mundo, gostam de se ver nas telas e também que suas histórias sejam contadas - particularidade essencial do cinema, não é? a de nos refletir.

Ontem fui assistir Do Começo ao Fim, de Aluízio Abranches, e mais uma vez a urbe estava toda lá - além, claro, de chamar a atenção também dos heteros.

Como se sabe, o filme não fala apenas de uma relação homossexual, mas também incestuosa - e a polêmica explorada na internet fez dele um filme comentado e esperado.

O cinema de Aluízio Abranches, ainda que tenha uma "cara", pode resultar em filme de interesse como Um Copo de Cólera - que ousa em nu frontal masculino como só o cinema popular dos anos 70 sabia fazer, e vai além pois se dá direito à ereção;

( o cinema de hoje é capaz de fazer um filme todo em um quarto de motel, como Entre Lençois, e os atores, e a direção, ficarem escondendo paus e pererecas o tempo inteiro)

ou ao equivocado As Três Marias, filme que não saiu do roteiro e o que se vê na tela é uma trama atravancada e desperdício de talento.

E em Do Começo ao Fim, mais uma vez Abranches não chega lá.

Ainda que se assista ao filme com interesse, o problema crucial é o que está dito em todo canto: a ausência de conflito.

O diretor disse que quis contar uma história de amor e sem tornar pesado o tema.

Ok. Só que da forma que o roteiro foi construído, a ausência de conflito esvaziou por completo o sentido do filme.

E nem digo sobre o reles conflito entre os dois personagens, mas a compreensão em demasia de todos os personagens que cercam os dois belos moços. Principalmente o personagem de um dos pais, vivido por Fábio Assunção.

O cineasta disse também que é porque é uma família esclarecida.

Ora, por mais que a maioria de heteros ame seus amigos homos, pergunte para essa maioria se ela quer ter filhos gays? É claro que virão com a máxima de sempre: "não gostaria porque não quero que meu filho sofra". Hahaha, como se ser hetero, como eles, fosse garantia de não sofrimento. Para mim, sempre será apenas uma resposta, daquelas ensaidas com profundo sentimento... (ai, meus sais).

E no filme, ainda há o incesto, heim.

A direção acertou na personagem de Julia Lemmertz, que só com o olhar consegue passar todo o desconforto e o estar perdida frente à situação - ainda que pequena, é uma das melhores atuações da atriz no cinema, musa do cinema de Abranches.

Se em Quanto Dura o Amor?, de Roberto Moreira - onde há uma transsexual - o que incomoda é a fraqueza dos personagens - não das atrizes, que são ótimas - e que faz com que eles escapem da nossa memória, em Do Começo ao Fim incomoda mais ainda é o tom cor de rosa demais em que o filme mergulha seus personagens.

É uma pena, pois Do Começo ao Fim poderia realmente ser um bom filme.

O resultado ficou apenas um filminho bom de assistir, mas que incomoda pelo tom de artificialidade, principalmente depois que pensamos sobre ele.

sábado, 5 de dezembro de 2009

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

simone e as outras


Hoje à noite vou conferir o novo show de Simone, Em Boa Companhia, do seu disco Na Veia - convites cedidos por uma querida amiga.

Estou com altas expectativas, pois os dois últimos shows da baiana que assisti foram maravilhosos - um solo e outro com Zélia Duncan.

Outro dia fiquei pensando nas 10 maiores cantoras vivas que estejam atuantes, ou seja lançando discos novos e fazendo shows.

E Simone não fica de fora nunca dessa lista.

Quais seriam as outras, heim? As cantoras, as intérpretes, ficando de fora aquelas que também são compositoras.

Seria essa a lista?

Bethânia, Nana, Gal (ainda que um pouco reclusa), Simone, Zizi, Elza, Alcione, Elba, Beth, Fafá, Leila, Mônica, Jussara....?

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

dia mundial de combate à aids


Hoje é o Dia Mundial de Combate à Aids.

Eu, que nasci em 1963, sou da geração Aids - a geração AZT (não havia ainda o coquetel) -, pois quando a peste surgiu publicamente em 1981 estava no florescer dos 17/18 anos.

E como só fui ter vida sexual ativa aos 23, já comecei com o pau emborrachado.

A primeira vez que ouvi um depoimento sobre a doença por alguém de meu convívio foi por meu professor de literatura na época em que fazia Letras na PUC.

Ele dizia para nós sobre o terror que sentira ao ver fotos e pesquisar sobre a doença.

Mal sabíamos, todos nós, que perderíamos muitos dos nossos para essa peste avassaladora.

Muitos anos depois, assisti O Olhar Triste, documentário brasileiro lancinante sobre os soropositivos, que me emociona até hoje só de lembrar.

De minha parte, perdi enormes, grandes, médios e pequenos amigos, perdi namorados, perdi amantes, perdi conhecidos.

Para sempre a dor fez morada em meu peito por todos eles e por tantas outras vítimas.

Ainda hoje, passadas três décadas, a Aids ainda é uma doença fatal e discriminada.

Eu que estive à beira do leito de pessoas amadas que se foram, vi de perto o sofrimento delas e a dor se instalando em meu peito para sempre.

Saudades de muitas gente.
Saudades eternas!

E essa dor de fundo sem fundo em minha alma.